Eduardo Cardoso com nº108
Começou com 12 anos a praticar atletismo na Associação Recreativa Estrelas do Sul, por influência do primo. Actualmente, com 18 anos, representa pela segunda época o Clube Cultura e Desporto de Ribeirão na modalidade de marcha. Eduardo Cardoso já participou em mais de 40 provas por todo país, incluindo campeonatos nacionais. 


Com 2 medalhas de bronze no campeonato nacional de pista e estrada, 1 medalha de bronze no Olímpico Jovem e 12 títulos regionais, é uma jovem promessa da marcha nacional. Estivemos à conversa com ele para saber mais sobre si e sobre esta modalidade.


Como é que começaste na marcha e como despertou o teu interesse?
Inicialmente entrei para o atletismo porque um primo meu também andava no atletismo, foi por ai que tudo começou. Inicialmente fazia provas de corrida em estrada, com o tempo fui experimentando outras disciplinas do atletismo como o dardo, peso. Até que um dia experimentei marcha, gostei e especializei-me nessa disciplina porque era a que me dava mais prazer em fazer. O fundamental no Atletismo é fazermos o que gostamos e não andarmos numa modalidade que não gostamos o que muitas vezes acontece. 

E foi difícil a adaptação?
Ao início custou um pouco porque a disciplina de marcha atlética é muito técnica, e eu era péssimo a marchar. Mas com o tempo melhorei bastante o que ajudou bastante a gostar ainda mais de marcha atlética.

Há quanto tempo praticas esta modalidade do atletismo?
Atletismo cerca de seis anos, mas marcha cerca de 4 anos.

Quantos dias e quantas horas/dia treinas em média por semana?
Nesta altura da época é em média 1hora por dia. Podendo passar a media por volta de 1 hora e 20 minutos no mês de Dezembro e Janeiro.

Desejo ser campeão do meu escalão

E consideras esse tempo como bem aproveitado ou às vezes gostarias de ocupar esse tempo com outras coisas?
Sem duvida que o tempo é bem aproveitado. O treino de vez em quando custa bastante, mas se é feito com prazer, sem dúvida que é bem aproveitado. Pois tempo a fazermos as coisas que mais gostamos é sempre bem aproveitado.
Consegues conjugar os treinos com as outras actividades do dia-a-dia ou por vezes tens de abdicar de muita coisa para poder treinar?
Tento sempre dentro das minhas possibilidades conjugar as coisas. Tem dias que tenho de forçosamente abdicar de algumas coisas, mas abdico com todo gosto. Porque sei que vou abdicar de algo mas que o tempo será bem empregue enquanto treino.


Quais são os teus objectivos futuros dentro da modalidade?
Os meus objectivos futuros são melhorar cada vez mais e superar-me. Também desejo ser campeão nacional do meu escalão, que é algo para o qual já ando a trabalhar há algum tempo.
 O meu grande objectivo, se continuar no atletismo a longo prazo, seria representar Portugal numa grande competição a nível internacional.

O que é preciso para praticar deste desporto?
Acima de tudo muita dedicação e esforço, senão não se consegue fazer nada do qual nos possamos orgulhar. Essencialmente um bom par de sapatilhas é o fundamental, tudo o resto são acessórios.
E o material é muito dispendioso?
Um bom par de sapatilhas é um pouco dispendioso chega a custar de 60 euros em tempo de promoções, a 100 euros ou mais em época normal de compras, e gastam-se muito rapidamente. As camisolas são de manga curta ou comprida desde que sejam confortáveis para correr. Uns calções próprios de corrida ou marcha vão desde 15 euro ate 30 euros.

“As pessoas ainda são um pouco retrógradas”

Que tipo de apoios recebem os praticantes?
Infelizmente só os grandes atletas conseguem alguns apoios, os suficientes para poderem praticar atletismo com a dignidade que merecem.
No caso da marchar a situação complicasse um pouco, porque é uma modalidade pouco falada e pouco valorizada.
As pessoas ainda são um pouco retrógradas, e quando nos vêem a marchar mandam as suas bocas “foleiras”. Os apoios que temos são dados pelos clubes que representamos. E alguns atletas também dispõem de apoios dados pelas câmaras municipais ou patrocinadores que angariaram,  o que cada vez é mais complicado de conseguir. 
O que também é um grande problema dos clubes, que desta forma não conseguem fomentar o atletismo diante dos jovens devido a falta de apoios.

E o que vão conseguindo é suficiente ou continuam a haver muitas dificuldades?
Sem duvida que são insuficientes. Apesar dos apoios existem grandes dificuldades e ainda por cima a Federação Portuguesa de Atletismo não apoia o que tem o dever de apoiar. Por exemplo, em Portugal só dois marchadores são “profissionais”, que é o caso do João Vieira e de Vera Santos. É um número insuficiente para a qualidade de marchadores que dispomos em Portugal, principalmente nas seniores femininas, onde detemos 4 marchadoras de alto nível internacional.

Achas que estes tipos de modalidades são descriminados em relação ao apoio que recebem?
Sem dúvida que sim, o atletismo em geral em Portugal é muito descriminado comparando com as outras modalidades, como por exemplo o futebol. Portugal só se liga aos atletas que praticam atletismo quando ganham uma grande competição. Tirando isso, não é dado valor nenhum aos atletas por parte do público em geral.

E em relação à visibilidade que lhes é dada pelos média? Achas que mais visibilidade traria mais apoio?
Podemos afirmar que a RTP2 divulga o atletismo de uma forma correcta mas ainda de uma forma muito insuficiente. A visibilidade tem vindo a aumentar ao longo dos anos porque a Federação tem feito uma melhor divulgação através do melhoramento das suas campanhas de marketing. Consegue-se verificar esta situação porque no ano passado obteve-se um número recorde de clubes a participarem no apuramento para a 1ª e 2ª divisão de clubes. E como em todas modalidades existentes, com uma visibilidade maior teríamos muitos mais apoios para aos atletas e clubes.

“A saúde sai beneficiada e alivia o stress”

Qual são os principais benefícios físicos e mentais que encontras nesta modalidade?
A nível físico é a melhoria da preparação física, uma resistência maior e a saúde sai beneficiada desta situação e “agradece”. A nível mental é o alívio do stress que nos permite, durante o treino, não pensamos nos problemas que existem. Outro benefício é alegria que o convívio permite, ver o nosso trabalho reconhecido com bons resultados e a nossa própria superação que é algo que nos deixa muitos felizes.

Achas que os jovens da tua faixa etária praticam pouco desporto?
Os jovens da minha idade cada vez praticam menos desporto, preferem estar em casa a ver televisão, estar na internet ou a jogar consola. Daí verificar-se, a cada ano que passa, a obesidade e todos os problemas a ela associados, a aumentar entre os jovens. 

Se sim, a que achas que isso se deve?
O grande problema é que os pais não praticam desporto e depois não incentivam os filhos e isto torna-se uma grande bola de neve, que resulta numa pior qualidade de vida e saúde.

Que medidas é que achas que poderiam ser tomadas para alterar isso?
Uma melhoria do funcionamento do desporto escolar, que não funciona como devia. Se o desporto escolar passasse a funcionar de uma melhor forma, resolveria a maior parte do problema dos jovens não praticarem qualquer desporto.


Por Sandra Soares

1 comentário:

Cidália Monteiro disse...

Parabéns... E que a pretensão do atleta seja cumprida. Portugal tem excelentes atletas!

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