Eu, tal como todos os bolseiros do Ensino Superior, vou sentir os efeitos das medidas de austeridade impostas pelo Governo. No sentido de baixar o défice e de tornar o nosso país mais apelativo para os mercados internacionais, os nossos políticos acharam que a solução estava nos contribuintes, dos mais pobres e dos estudantes.
Neste novo ano, os contribuintes passaram a descontar ainda mais para a segurança social, as famílias mais desprotegidas financeiramente terão cada vez menos apoio do estado, e como se não bastasse, os estudantes do ensino superior viram as suas bolsas de estudo a decrescerem em relação ao ano transacto, fruto das normas técnicas aplicadas em Julho de 2010.
O mais grave disto tudo, foram os aumentos a que os estudantes foram sujeitos desde o arranque do ano lectivo, e que não acompanham a inflação a que todos os portugueses foram sujeitos, tendo em conta a subida do iva para 23 por cento.
Um estudante bolseiro com direito a residência universitária está a pagar à volta de 71 euros pelo quarto. Ou seja, mais oito euros que no ano passado. As propinas voltaram a aumentar e quase que arrebentam a escala nacional, e no que respeita às refeições dos serviços de acção social, aumentaram mais trinta cêntimos. Curioso, é que o restaurante panorâmico da UTAD apenas sofreu um aumento de 0.50 cêntimos, quando deveriam subir muito mais dado que é frequentado por gente com bolsos cheios e com mais posses financeiras que um comum estudante universitário. Afinal, para essas pessoas com elevado estatuto social, o que são oito euros por uma refeição requintada? Pena é que são sempre os mesmos a pagar a crise.
Sempre defendi que os principais culpados deste aumento de custo de vida dos estudantes são os próprios administradores dos serviços de acção social, que deveriam unir-se para que fossem congelados os preços das refeições e das residências universitárias, para assim proteger os estudantes do ataque feroz da subida de impostos. O que posso deduzir é que houve uma falta de sensibilidade dos administradores, que ainda por cima, se revelaram cúmplices das medidas de austeridade do governo português.
No entanto, os defensores destas medidas dizem que cada estudante é uma despesa brutal para o Estado, e que nem devíamos estar no direito de reivindicar seja o que fosse. Mas que culpa temos nós, estudantes, de o nosso país não ter sido capaz de assegurar um dos bens essenciais que é o direito ao ensino? Entramos para a comunidade europeia em 1986 e mais de 20 anos depois, era suposto termos uma economia que pelo menos assegurasse os serviços mínimos como o ensino, que está consagrado na nossa constituição como “tendencialmente gratuito”.
Gratuito o tanas! Para além dos aumentos que acima mencionei, o estudante enfrenta as terríveis adversidades de uma ida à secretaria de alunos em que temos de pagar por qualquer serviço, como se tratasse de uma consulta do hospital. O líder o PSD, Passos Coelho, queria que o ensino ficasse a cargo dos privados, mas nestas condições, acho que era escusado. Se no ensino “tendencialmente gratuito” já pagamos o quanto basta, o que aconteceria ao ensino  nas mãos dos privados?
Estou como diz o outro: “Todos temos de pagar a crise de qualquer jeito. Vou apertar ainda mais o cinto e se não o conseguir mais que se f*da”.


Por: Henrique Silva

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