Conceber um guia de campo é o objectivo no qual as Associações de Municípios do Douro estão a trabalhar para melhorar as respostas aos pedidos de ajuda decorrentes das consequências do mau tempo. Aqui, além dos incêndios florestais, da ferrovia e do rio, pretende-se incluir a neve que, nos últimos tempos, tem assolado Trás-os-Montes e Alto Douro, dificultando e, em alguns casos, impedindo a circulação nas principais vias de acesso à região.
As Associações do Douro Superior, Douro Sul e Terra Quente apresentaram uma candidatura, no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional, para a elaboração de planos municipais de emergência. No caso do Douro Sul, os responsáveis estão a “ultimar um caderno de encargos” para a realização dos referidos planos de emergência que irão abranger a neve. “A nossa ideia é que estes planos sejam práticos para garantir um documento que possa ser trabalhado e actualizado em permanência e que depois possa ser gerido e utilizado por todos”, avançou o secretário-geral da Associação de Municípios do Vale do Douro Norte, Paulo Noronha.
Depois de elaborado o plano, irá surgir um “guia de campo” que englobará um “conjunto de informação adequado a cada uma das situações”, isto é, em caso de derrocadas, cheias, incêndios florestais e queda de neve. “O objectivo é podermos distribuir a todas as entidades no terreno para que saibam de uma forma rápida e fácil quem é o responsável, num formato acessível e com material resistente”, garantiu Paulo Noronha. A gestão desta ferramenta será semelhante à existente na Área Metropolitana de Lisboa, o que possibilitará uma “gestão integrada baseada num sistema de informação inter-municipal”.
Segundo Paulo Noronha, este plano estará concluído no decorrer do próximo ano, em 2011, para que se possa “realizar um levantamento exaustivo de todas as problemáticas” e, assim, obter um “modelo operacional”. O financiamento ascenderá a um milhão de euros, estando integrados dez municípios do Douro Sul, sete do Douro Norte, quatro do Douro Superior e cinco da Terra Quente. A candidatura contempla, ainda, a criação de uma equipa técnica para acompanhamento e para equipamento informático.

“Comunicação não funcionou em dias de neve”
A queda de neve na região transmontana tem sido uma constante nos últimos Invernos, mas o certo é que as respostas e a comunicação entre as várias entidades do distrito de Vila Real têm falhado. De acordo com o responsável pela Protecção Civil Municipal de Vila Real, Álvaro Ribeiro, “falta um conjunto de procedimentos” que permita dar a informação em “tempo útil à população”
Neste âmbito, o responsável avançou com a necessidade de usar a Internet para “fornecimento e transmissão de informações nas páginas online”. “Será uma forma de descongestionar os tradicionais números para os quais ligam”, sustentou Álvaro Ribeiro. Aliado à rapidez da Internet, deverá estar também o “reforço dos meios”.
Este ano, o primeiro nevão a atingir o distrito de Vila Real chegou no penúltimo dia de Novembro. “Houve dificuldades em falarmos com os agentes de Protecção Civil, pois o nosso sistema de rádio é pouco viável e não tem cobertura a 100 por cento em todos os locais”, frisou Álvaro Ribeiro, avançando com o exemplo de Lamas de Olo. “Utilizando até o telemóvel como sistema principal, tive imensas dificuldades em falar com o Comando Distrital de Operações de Socorro. Pretendemos que haja procedimentos muito simples, mas muito concretos. Não queremos que seja um livrinho para cinco anos, mas que seja um documento que traduza uma dinâmica ajustável permanentemente.”
Álvaro Ribeiro adiantou que estes planos estarão “adaptados” às ferramentas informáticas e ligadas ao sistema de informação geográfico. A candidatura permitirá ainda a possibilidade de criação de “pequenas estações meteorológicas”.

Sala de crise poderá ser realidade
Na opinião do responsável da Auto-estrada Transmontana, Fernando Pedroso, a criação de uma sala de crises poderia “ajudar” a resolver os principais problemas rodoviários. “Creio que temos que experimentar e ver o que acontece. Uma sala de crises poderia resolver alguns problemas”, frisou. Segundo o responsável, esta sala de crises teria como principal missão “coordenar todos os trabalhos” que estivessem a ser implementados no local.
Um das vias que causa sempre muitos problemas é o Itinerário Principal 4 (IP4), em concreto no Alto de Espinho e no Alto do Pópulo. Para os próximos nevões, Fernando Pedroso salientou que é necessário “mais equipamento” para ultrapassar constrangimentos e usar, o melhor possível, as plataformas digitais. “Estará disponível via redes sociais, como o Twitter e o Facebook, informações actualizadas sobre o que passa no IP4.”

Ana Teixeira
Fotos DR

1 comentário:

Carlos Pinheiro disse...

Então meus senhores. Quem é que parece que descobriu agora a pólvora? Então um Plano Municipal de Emergência não deve contemplar todos os riscos naturais e até tecnológicos, que previsivelmente possam afectar a vida normal de um concelho? Então a neve não é desde sempre um risco dessas regiões? Então porquê só agora é que vão englobar esse risco nesses PMEs? Há quanto tempo é que esses PMEs deviam estar feitos?

Enviar um comentário