Ana Luísa Campos tem 22 anos e há três anos que se interessa por política.
Ana era uma de tantos jovens a quem a política não dizia nada, que passava as notícias sobre política quando as via, e que pensava “ política é uma perda de tempo”. Hoje, Ana Luísa, tem outra opinião sobre a política.


Como surgiu o interesse sobre a política?
Caricatamente o meu interesse pela política surgiu com António de Oliveira Salazar. Depois de ter feito um trabalho sobre Salazar e ter abordado a figura dele enquanto homem e estadista, comecei a querer perceber a política que ele aplicava e de que modo o fazia. E foi assim que, uma informação puxa a outra, e me comecei a interessar por política e pela actualidade política.

É militante de algum partido político?
Sim. Sou militante do Partido Social Democrata (PSD), pertenço à JSD (Juventude Social Democrata) que é uma das juventudes mais antigas e mais ouvidas do país, começou em 1974.

Teve alguma influência para escolher o PSD?
Não, não tive influência alguma.
Vários membros da minha família são militantes do Partido Social Democrata, mas nunca tive nenhuma pressão para ser militante. Até porque quando decidi ser militante do partido, e pedi os papéis para me inscrever, tive familiares que ficaram boquiabertos, pois nunca tinha revelado esta minha faceta.

Como escolheu então este partido?
Quando surgiu este interesse pela política, que foi bastante repentino, porque até há três anos atrás eu não me interessava nem percebia nada de política, nem sequer parava nas notícias porque achava que era uma perda de tempo, fiz uma pesquisa sobre os principais partidos políticos portugueses, analisei as suas ideologias e vi então que era o PSD que ia ao encontro daquilo que eu tinha como ideologia política.

Quais foram ideologias do PSD com as quais mais te identificas-te?
A primeira que me lembro rapidamente é, sem dúvida, a democracia, para mim o povo tem sempre razão e tem de ter voz activa. Para além do mais, o PSD é um partido personalista, isto é, para ele a política reside, do início ao fim, à pessoa humana, é um partido com valores e princípios bastante claros e está sempre aberto à criatividade, à imaginação, à inovação e mudança. Acima de tudo é um partido que trabalha sempre em prol de Portugal e isto é de louvar. Daí a minha rápida empatia por este partido.

Achas que os jovens são interessados pela política?
Penso que não. Tal como eu, muitos jovens, para não dizer a grande maioria, pensa que a política não vale a pena e acham que todos os políticos são corruptos e que não há maneira de mudar isso. Se continuarmos, nós jovens, desinteressados pela política é que nada vai mudar, tem que haver sempre sangue novo e ideias novas de geração em geração, para que algo realmente mude.

Na tua opinião os jovens deviam, então, ser mais activos na política?
Costuma-se dizer, correctamente, que os jovens são o futuro de um país, mas se não tivermos jovens interessados na política que a percebam e a “façam” realmente bem, não teremos um futuro risonho pela frente. Os jovens devem interessar-se e participar mais na política, através dela criam-se fortes laços de amizade e participa-se em actividades que podem ser realmente divertidas. A política não é algo aborrecido e enfadonho, bem pelo contrário. Faço desde já um apelo ao recenseamento e ao voto.

O facto de cada vez mais políticos estarem envolvidos em casos polémicos, como o da Casa Pia, ou Face Oculta, por exemplo, não contribui para uma descredibilização e um afastamento dos jovens da política?
Sim, todos os envolvimentos de políticos em casos mediáticos, como o da Casa Pia, ou Face Oculta mancha a classe política e cria inevitavelmente uma falta de crença nos políticos. Temos um exemplo muito simples disso, hoje em dia se perguntarmos a um jovem o que acha do autarca da sua localidade ele responde que está lá apenas para “encher os bolsos”, ou seja, os jovens não acreditam na política. Mas na verdade não é isto que acontece, há ainda bons políticos, que realmente cumprem aquilo que prometem e interessam-se pelo povo.

Não devia a política ser promovida cada vez mais cedo aos jovens?
Penso que sim. Os jovens deveriam ter uma formação desde cedo em política, aproveitar por exemplo as aulas de formação cívica, para alertar os jovens para a importância do voto, uma política que por esta altura deveria ser, utopicamente, uma política sem cor partidária, uma política por Portugal.

Os jovens apoiam, um ou outro, partido apenas porque os seus familiares já o fazem?
Isso é uma realidade. Há ainda muitos jovens que se dizem pertencentes à JS (Juventude Socialista), ou JSD, mas apenas pertencem aos partidos porque os país pertencem, não é por vontade própria digamos. Não fazendo a mínima ideia o que o partido representa, quais as suas ideologias.
Mas isso não acontece só com os jovens, acontece também com os mais velhos, porque se formos à beira deles e lhes perguntarmos quais as ideologias do partido que apoiam e defendem, eles não sabem.
É uma realidade triste, mas que ainda acontece muitos e assim não se consegue mudar nada. E se os jovens acreditam que podem mudar alguma coisa, porque o podem, tem de se começar a interessar mais e começar a ver a política com outros olhos.

Já participas-te em alguma campanha de sensibilização dos jovens para a política?
Não, ainda não participei.

Não devia ser esse, a sensibilização para a política, um dos pontos integrantes do ano político dos partidos?
Sim, mas não é fácil fazer campanhas de sensibilização para a política. É muito difícil marcar debates, encontros com jovens. Pois se foram marcados em determinada local à hora X ninguém aparece, e nas escolas é muito complicado. Mas mesmo que se consiga marcar nas escolas, os alunos não aparecem, eles já tem uma ideia de tal modo pré-feita sobre a política que não aparecem. Não querem saber para que é que a política serve.

Como vês a politica actualmente em Portugal?
 Não estamos atravessar um bom momento, é obvio que não estamos, por causa de toda esta crise social, económica e política. E no meu ver, e há pouco tempo que ando nisto, já tivemos várias crises deste género e tal como as outras esta também vai passar, mas vai deixar mais marcas, contribuindo ainda mais para a imagem já negra que os políticos e a politica têm.

Vês-te, ou é um objectivo teu ser Presidente de Câmara, ou do partido, por exemplo?
Ao contrário de muita gente entrei para a política muito inocentemente, entrei acreditando nos ideias e acreditando que realmente podemos mudar o país para melhor.
Há muita gente que entra na política com alguma ideia por trás, já vem com ideias dos chamados “tachos”, querem sempre alguma coisa.
Eu não, eu entrei para a política porque gosto, não tenho qualquer ambição a esse nível.

Por: Sara Alves

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